domingo, 30 de dezembro de 2007

RESÍDUO

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
vazio de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

Comentário ao texto da Thaís "Esperando o esquífe passar" por Heder Sousa

A autora está corretissíma. Vivemos um Estado Prisional. Foi-se como uma miragem a possibilidade da construção de um Estado Democrático de Direito na periferia do capitalismo.
Os casos da adolescente presa em cadeia para adultos no Pará e o do menor torturado e morto recentemente por PMs em Bauru-SP, não se tratam de casos isolados em nosso país como querem crer. O governador Serra, por exemplo, "prefere" investir em CDPs do que na implantação da Defensoria Pública em SP. Calcula-se que dos 5 mil adolescentes encacerados em SP, apenas 600 deveriam estar sob o regime de confinamento, pelas regras dos "hommis", caso eles tivessem o comezinho direito pleno à defesa. Para o capitalismo neoliberal tupiniquim tanto a construção de presídios como a política de encacerramento é um bom negócio, seja por movimentar milhôes e mais ainda por impor uma disciplina aspirada pelo "bem comum" sob o regime do pânico da insegurança geral.
Heder Sousa

( texto publicado em novembro)

sábado, 29 de dezembro de 2007

Reverência ao destino por Carlos Drummond de Andrade

Falar é completamente fácil,

quando se tem palavras em mente

que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes

o que realmente queremos dizer,

o quanto queremos dizer,

antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas

que estão sendo expostas pelas circunstâncias.

Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros,

ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega,

fazer companhia a alguém,

dizer o que ele deseja ouvir.

Difícil é ser amigo para todas as horas

e dizer sempre a verdade quando for preciso.

E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia

e poder aconselhar sobre esta situação.

Difícil é vivenciar esta situação

e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência

quando algo o deixa irritado.

Difícil é expressar o seu amor a alguém

que realmente te conhece,

te respeita e te entende.

E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos

o que tentamos camuflar.

Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.

Difícil é saber que nos iludimos

com o que achávamos ter visto.

Admitir que nos deixamos levar,

mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"

Difícil é dizer "adeus",

principalmente quando somos culpados pela partida

de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos,

beijar de olhos fechados.

Difícil é sentir a energia que é transmitida.

Aquela que toma conta do corpo

como uma corrente elétrica

quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.

Difícil é amar completamente só.

Amar de verdade, sem ter medo de viver,

sem ter medo do depois.

Amar e se entregar,

e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.

Difícil é ouvir a sua consciência,

acenando o tempo todo,

mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.

Difícil é seguí-las.

Ter a noção exata de nossas próprias vidas,

ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.

Difícil é estar preparado para escutar esta resposta

ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.

Difícil é sorrir com vontade de chorar

ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.

Difícil é entregar a alma,

sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.

Difícil é entender que pouquíssimas delas

vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.

Difícil é ocupar o coração de alguém,

saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.

Difícil é lutar por um sonho.

Eterno,

é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,

mas com tamanha intensidade,

que se petrifica,

e nenhuma força jamais o resgata.


Carlos Drummond de Andrade

Certezas por Mário Quintana



Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim,
que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame,
não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto,
gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem,
o importante pra mim é saber que eu,
em algum momento, fui insubstituível...

E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso
estampando em meu rosto,
mesmo quando a situação não for muito alegre...

E que esse meu sorriso consiga transmitir paz
para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém
também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar
de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou,
não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo,
que abusa demais dos bons sentimentos
que a vida lhe proporciona,
que dê valor ao que realmente importa,
que é meu sentimento...
e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude,
para que eu nunca cresça,
para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo,
mas se um dia isso acontecer,
quero ter forças suficientes para mostrar a ele
que o amor existe...

Que ele é superior ao ódio e ao rancor,
e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar,
amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança
ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um NÃO
Que a gente teima em maquiá-lo de verde
e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa,
de poder dizer a alguém
o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir
uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe,
que vale a pena se doar às amizades a às pessoas,
que a vida é bela sim,
e que eu sempre dei o melhor de mim...
e que valeu a pena.

Nem tudo é fácil por Cecília Meireles



É difícil fazer alguém feliz,
assim como é fácil fazer triste.

É difícil dizer eu te amo,
assim como é fácil não dizer nada

É difícil valorizar um amor,
assim como é fácil perdê-lo para sempre.

É difícil agradecer pelo dia de hoje,
assim como é fácil viver mais um dia.

É difícil enxergar o que a vida traz de bom,
assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.

É difícil se convencer de que se é feliz,
assim como é fácil achar que sempre falta algo.

É difícil fazer alguém sorrir,
assim como é fácil fazer chorar.

É difícil colocar-se no lugar de alguém,
assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.

Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão?
Mas quem disse que é fácil ser perdoado?

Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar?
Mas quem disse que é fácil se arrepender?

Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir?
Mas quem disse que é fácil encontrar

alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas?
Mas quem disse que é fácil ouvir você?

Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se?
Mas quem disse que é fácil ser feliz?

Nem tudo é fácil na vida...
Mas, com certeza, nada é impossível

Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos,

realidade!!!
Cecília Meireles

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

RECEITA DE ANO NOVO por Carlos Drummond de Andrade



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

DE TUDO FICA UM POUCO por Laís Cavalcanti dos Santos



Um pouco de luta
Da vontade de lutar
De tudo fica um pouco
Um pouco da luz
Um pouco da noite
Um pouco da lua
Um pouco do amor
Do calor
Da vitória
Do medo
Do sonho
Um pouco
Mas o que não é pouco
E fica também
É a opressão
a que é submetida o coração
... a vida
A ilusão de querer repartir felicidade,
O pão, o vinho, o sabão
Na vida
... um pouco, tudo fica
O pouco papel
O pouco amor
A pouca comida
O pouco dinheiro
O pouco de vida vivida e não submetida
Agora, os muito que pouco tem
Vivem também
E acreditam viver a vida vivida
Quando já não mais vida tem
Quando jaz a vida submetida
Mas também,
Alguns dos muitos que pouco tem
Proclamam a dúvida que vem:
"Por que viver a vida submetida?
por que não viver a vida vivida?"

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Ana Carolina - Unimultiplicidade

Companheiro Bush - Tom Zé - Ao Vivo em Porto Alegre

UNIMULTIPLICIDADE... Ana Carolina e Tom Zé

Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro
Neste país de manda-chuvas
cheio de mãos e luvas
tem sempre alguém se dando bem
de São Paulo a Belém
Pego meu violão de guerra
pra responder essa sujeira
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Não tenho nada na cabeça
a não ser o céu
não tenho nada por sapato
a não ser o passo
Neste país de pouca renda
senhoras costurando
pela injustiça vão rezando
da Bahia ao Espírito Santo
Brasília tem suas estradas
mas eu navego é noutras águas
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade

COMPANHEIRO BUSH....Tom Zé


SE VOCÊ JÁ SABE
QUEM VENDEU
AQUELA BOMBA PRO IRAQUE,
DESEMBUCHE:
EU DESCONFIO QUE FOI O BUSH.

refrão: FOI O BUSH,
FOI O BUSH,
FOI O BUSH.

ONDE HAVERÁ RECURSO
PARA DAR UM BOM REPUXO
NO COMPANHEIRO BUSH?
QUEM ARRANJA UM ALICATE
QUE ACERTE AQUELA FASE
OU CORRIJA AQUELE FUSO?


TALVEZ UM PARAFUSO
QUE TÁ FALTANDO NELE
MELHORE AQUELE ABUSO.
UM CHIP QUE DESLIGUE
AQUELE TERREMOTO,
AQUELA COQUELUCHE.

SE VOCÊ JÁ SABE... ... ... etc.

Jorge Filó

O dia em que Arnaldo Jabor se olhou no espelho...
... e se viu.
Este cordel que apresento
Sem nenhuma pretensão
E mesmo que lhe pareça
Ser verdadeira a versão
Ainda que eu não garanta
É uma mera ficção.
Assim começa o cordel
Justo na reflexão
Tô falando do espelho
Da nossa imaginação
Que as vezes num belo dia
Prega em nós grande lição.
Como se Arnaldo Jabor
Num exame de consciência
Um belo dia acordasse
Com toda sua eloqüência
E em conversa mostrasse
Sua verdadeira essência.
“Caros amigos leitores
Eu sou Arnaldo Jabor
Cineasta e jornalista
Direitista e traidor
Também sou um caga-pau
Xeleleu e delator.
Do clã Roberto Marinho
Sou baba-ovo da hora
Digo só o que eles querem
Creio e nego, sem demora
Sou um neo-liberalista
Por enquanto, ate agora..
Um dia já fui esquerda
Era na luta engajado
No cinema brasileiro
Contestei fui contestado
Hoje meu cinema é outro
Pelo poder fui comprado.
Hoje voto na direita
No maior descaramento
Nego tudo que outrora
Mostrava em meu pensamento
Glauber Rocha tando vivo
Seria o meu tormento.
Mudei de convicções
As antigas companhias
Agora sou um amigo
Das grandes oligarquias
Digo tudo qu`eles mandam
Mentiras, patifarias.
É assim que a coisa anda
É assim que o mundo gira
Sou um lobo carniceiro
A serviço da mentira
Se eu não tirar o meu
Chega outro vem e tira.
Faço uso da palavra
Pra defender meu quinhão
Quero mais é que se fôda
Quem defende esta nação
Meu caviá garantido
Para quê preocupação.
Sou perverso no que digo
E ainda sou respeitado
Pois a mentira é quem dita
Dita por quem ta do lado
Dos grandes exploradores
Do poder televisado.
Faço do verbo navalha
Quero mais é ta por cima
Vai viver sempre enganado
Aquele que subestima
A minha capacidade
De cagar uma obra-prima.
Agora devo ir embora
Meu trabalho me espera
Vou inventar outra estória
Para parecer de Vera
E quem ler sempre acredita
Na minha nova quimera.”
Este cordel esquisito
Que acabamos de ler
É fruto do pensamento
Que acabo de escrever
Me chamo Jorge Filó
Em mim você pode crer.

Recife, PE Brasil - Tuesday, October 25, 2005 at 12:47:02 (BRST)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Dear Mr President - Portuguese subtitles

Classe média ... Max Gonzaga

Dear mr president ...pink



Querido Sr. Presidente

Venha dar uma volta comigo
Vamos fingir que somos apenas duas pessoas e
Você não é melhor do que eu
Eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas se pudermos conversar honestamente

O que você sente quando vê tantas pessoas sem lar nas ruas?
Por quem você reza a noite antes de dormir?
O que você sente quando olha no espelho?
Você está orgulhoso?

Como você dorme enquanto o resto de nós chora?
Como você sonha quando uma mãe não tem a chance de dizer adeus?
Como você anda com a cabeça erguida?
Você pode pelo menos me olhar nos olhos
E me dizer porquê?

Querido Sr. Presidente
Você era um garoto sozinho?

Você é um garoto sozinho?
Você é um garoto sozinho?
Como você pode dizer
Que nenhuma criança é deixada para trás
Nós não somos bobos e não somos cegos
Eles estão todos sentados em suas celas
Enquanto você financia o caminho para o inferno

Que tipo de pai tiraria os direitos da própria filha?
E que tipo de pai poderia odiar a própria filha se ela fosse gay?
Eu posso só imaginar o que a Primeira-dama tem a dizer
Você veio de um longo caminho de uísque e cocaína

Como você dorme enquanto o resto de nós chora?
Como você sonha quando uma mãe não tem a chance de dizer adeus?
Como você anda com a cabeça erguida?
Você pode pelo menos me olhar nos olhos?


Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Salário minimo com um bebê a caminho
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Reconstruir sua casa depois que as bombas a levaram embora
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro:
Construir uma cama com caixas de papelão
Deixe-me te dizer sobre trabalho duro
Trabalho duro
Trabalho duro
Você não sabe nada sobre trabalho duro
Trabalho duro
Trabalho duro
Oh

Como você dorme a noite?
Como você anda com a cabeça erguida?
Querido Sr. Presidente
Você nunca daria uma volta comigo...
Daria?