segunda-feira, 29 de setembro de 2008

feliz aniversário!!!

Hoje é o dia de pensar: o que eu fiz da minha vida?
30 anos pra quê?
Por que caminhos passei?
Pra quê?
Por quê?
Que angústia, correndo atrás de algo que não significa nada para mais ninguém além de mim...
Para não ser injusta..para alguns significam algo.

Sei lá...
Melhor deixar pra pensar nisso amanhã...
Sem o choque da data...

It's all folkes

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O trabalho de professor.

“O Inferno somos nós.”
Marilena Chauí

Tentando entender o trabalho docente a autora relata sua pesquisa que tem como objetivo “efetuar um recorte do imaginário social dos professores do município do Rio de Janeiro evidenciando as suas representações do próprio trabalho”.
Partindo da ótica psicanalista ela percebe uma heroicização do docente, que luta e se sacrifica numa batalha sem fim, repetida a cada nova turma. O discurso foi analisado levando em consideração o imaginário e a ideologia. A pesquisa indicou que os professores se representam como heróis “que salvam as pessoas da ignorância”, mas acabam se perdendo nela.
A moral judaico-crista que herdamos separa o trabalho e o gozo, e o professor deformado pelo trabalho cobre seu sofrimento material com um prazer imaginário proporcionado pela “arte de ensinar”. A resistência a aceitar sua condição de trabalhador assalariado levá-os a reverenciar o “status” da profissão.
Na pesquisa apareceram representações defensivas, colocando o professor na posição de herói que se eterniza através dos alunos. A idéia de vocação ameniza o sofrimento, e dignifica o trabalho docente. Processos defensivos, com excesso de explicações e fuga de conflitos, ficaram evidentes, assim como a tendência a chamar para os professores a responsabilidade de reversão do quadro atual através dessa martirização e não da luta político-sindical. O amadurecimento e sofrimento são encarados como ritos de passagem.
Também esteve presente um fenômeno deformacional, onde professores relacionam-se com símbolos gloriosos, heróicos ou depreciativos, distanciando de uma forma ou seu trabalho da proletarização real.
O saber como arma sagrada do professor para salvar os alunos; o futuro glorioso atribuído ao papel simbólico do dono da escola, que organiza o mundo desprovido de sentido; a heroicização do magistério; a imagem do outro, o mau professor, autoritário, desinteressado, desatualizado, individualista e despolitizado, que habita cada um deles; a tendência para o sacrifício, incluindo baixos salários e o trabalho excessivo, responsabilizando as autoridades, os alunos difíceis, as famílias dos mesmos e os meios de comunicação de massa; o futuro heróico envolto em projetos educacionais de cunho social, que melhorarão o cenário da educação no Brasil; são noções que auxiliam o professor a superar algumas inferioridades e assim resolver de forma imaginária seus conflitos.
Vários tipos de heróis desfilaram nesta pesquisa, o cristão, o delirante e o mitológico. Só faltou o herói político, aquele que, segundo Arendt, é revelado pela história e cuja coragem fundamental esta na disposição para agir e para falar, em situações que todos calam.
Talvez, os educadores estejam sofrendo os efeitos que Tamarit chamou de “curva ideológica”, referindo-se ao pensamento pós-moderno que na América latina, lançou por terra a tradição revolucionária.

OLIVEIRA, Eloiza da Silva Gomes de. Trabalho do professor – trabalho de Sísifo? A heróica dimensão imaginária da docência. In: VIELLA , Maria dos Anjos Lopes(Org.) Tempos e Espaços de Formação Chapecó: Argos, 2003.

QUEM DE FORMA O PROFISSIONAL DO ENSINO (RESUMO)

“Não sois máquinas, homens é que sois”

Charles Chaplin

“Nossa vida é o assassinato pelo trabalho”

Georg Büchner

Dizer que o dia em que tivermos educadores mais qualificados resolveremos os problemas da educação é um mito, segundo o autor. Para ele a desqualificação do mestre é apenas um dos aspectos da desqualificação da própria escola.

O despreparo do mestre o mantém fraco e facilmente manipulável, e esta é a raiz da sua desfiguração social e de sua fraqueza como categoria social.

Tudo que se faz pela qualidade do educador tem uma dimensão social e política, que cria condições para a instrumentalização de uma categoria e a qualificação da escola.

Quando se fala em qualidade de educação tudo se discute, apenas as condições materiais são esquecidas como se pouco ou nada pesassem no fracasso escolar.

O processo de ensino-aprendizagem, pautado na figura do professor transmissor de conhecimento, ajuda a explicar o fracasso da escola pelo despreparo do profissional da educação.

Não podemos esquecer que o despreparo desse profissional esta integrado a negação do direito de saber as camadas populares.

Acreditar que o Estado, a burguesia e seus gestores assim como os empresários do ensino querem elevar os níveis de qualidade, mas não conseguem devido ao atraso sócio cultural do país, é uma ingenuidade.

Se as propostas de revitalização dos centros de formação forem inspirados na relação linear e ingênua entre capacitação do profissional e êxito da escola, estaremos recuando.

O peso desmotivador, não apenas da falta de condições de trabalho, a instabilidade no emprego, as relações hierárquicas, o universo burocrático, a condição de simples assalariado a que vem sendo submetido o profissional do ensino, não são lembrados quando se equaciona as causas do fracasso escolar, nada se fala sobre a motivação,

O capitalismo tem um caráter desqualificador e deformador, nas palavras de Adam Smith “a perícia no ofício é uma qualidade que parece ter sido adquirida à custa das virtudes intelectuais e sociais”, e o professor, neste sistema, como todo assalariado, perde o controle do seu trabalho, de sua qualificação, do processo e até de si mesmo como trabalhador.

Enfim , o professor , inconscientemente, é reprodutor de sua própria situação, um mero assalariado, pago para executar propostas pedagógicas pensadas por outros e alienado.

ARROYO, Miguel González Quem de-forma o profissional do ensino In: VIELLA, Maria dos Anjos Lopes (Org.) Tempos e Espaços de Formação Chapecó: Argos, 2003.