“Não sois máquinas, homens é que sois”
Charles Chaplin
“Nossa vida é o assassinato pelo trabalho”
Georg Büchner
Dizer que o dia em que tivermos educadores mais qualificados resolveremos os problemas da educação é um mito, segundo o autor. Para ele a desqualificação do mestre é apenas um dos aspectos da desqualificação da própria escola.
O despreparo do mestre o mantém fraco e facilmente manipulável, e esta é a raiz da sua desfiguração social e de sua fraqueza como categoria social.
Tudo que se faz pela qualidade do educador tem uma dimensão social e política, que cria condições para a instrumentalização de uma categoria e a qualificação da escola.
Quando se fala em qualidade de educação tudo se discute, apenas as condições materiais são esquecidas como se pouco ou nada pesassem no fracasso escolar.
O processo de ensino-aprendizagem, pautado na figura do professor transmissor de conhecimento, ajuda a explicar o fracasso da escola pelo despreparo do profissional da educação.
Não podemos esquecer que o despreparo desse profissional esta integrado a negação do direito de saber as camadas populares.
Acreditar que o Estado, a burguesia e seus gestores assim como os empresários do ensino querem elevar os níveis de qualidade, mas não conseguem devido ao atraso sócio cultural do país, é uma ingenuidade.
Se as propostas de revitalização dos centros de formação forem inspirados na relação linear e ingênua entre capacitação do profissional e êxito da escola, estaremos recuando.
O peso desmotivador, não apenas da falta de condições de trabalho, a instabilidade no emprego, as relações hierárquicas, o universo burocrático, a condição de simples assalariado a que vem sendo submetido o profissional do ensino, não são lembrados quando se equaciona as causas do fracasso escolar, nada se fala sobre a motivação,
O capitalismo tem um caráter desqualificador e deformador, nas palavras de Adam Smith “a perícia no ofício é uma qualidade que parece ter sido adquirida à custa das virtudes intelectuais e sociais”, e o professor, neste sistema, como todo assalariado, perde o controle do seu trabalho, de sua qualificação, do processo e até de si mesmo como trabalhador.
Enfim , o professor , inconscientemente, é reprodutor de sua própria situação, um mero assalariado, pago para executar propostas pedagógicas pensadas por outros e alienado.
ARROYO, Miguel González Quem de-forma o profissional do ensino In: VIELLA, Maria dos Anjos Lopes (Org.) Tempos e Espaços de Formação Chapecó: Argos, 2003.
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