O Blooooog do milênio!!! Música, arte, cinema, entretenimento, polêmicas, poesias, história, futebol arte, política e tudo o mais que faz da vida uma aventura errante.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
A função social de FHC
Funciona assim: a tese vem pronta do aquário onde se reúnem os chefes. Um produtor precisa arranjar algum entrevistado para endossar a tese. Pede ajuda a um assessor de imprensa, que ganha para promover empresas ou indivíduos. Portanto, é do interesse do assessor emplacar o entrevistado numa reportagem. Quanto maior for a audiência, melhor, uma vez que "especialistas" tornam-se cada vez mais "especialistas" quanto mais gente achar que eles são "especialistas".
Nesse processo, ninguém quer palpite de repórter. Repórter às vezes pensa, às vezes descobre fatos que contradizem a tese do aquário, às vezes sabe que aquele entrevistado fala qualquer coisa para aparecer na televisão.
Quem aparece na televisão ganha credibilidade ou vira celebridade. Celebridade ganha camiseta para ir ao camarote da Brahma no Carnaval. Já a credibilidade televisiva resulta em convites para palestras pagas, vendas de livros e outros benefícios. A TV, especialmente no Brasil, funciona como um carimbo de aprovação, dado que o contraditório foi banido da telinha. Ou seja, o entrevistado sabe, ao dar a entrevista, que jamais será contestado por uma voz discordante.
No caso específico do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, vocês acham que com a idade que tem ele vive saindo do Brasil porque gosta de aeroporto? O homem ganha para fazer discurso. Ganha para falar mal do Lula ou dizer que existe um mal estar no Brasil - "malaise", como ele disse à BBC, um mal estar à francesa. Quanto mais polêmica FHC cria, mais aparece na mídia e maior o valor "de mercado" de sua falação.
FHC mata três coelhos com uma cajadada só: embolsa alguns milhares de dólares, aplaca sua vaidade pessoal e fala mal do Lula e do Brasil. Mal do Lula porque FHC não aceita que qualquer outro líder tenha sido melhor que ele. Se ele e Gandhi tivessem sido contemporâneos, o indiano estava frito. Mal do Brasil porque a elite branca que sustenta a mídia golpista adora quem fala mal do Brasil. É uma forma de justificar a vida que leva em um universo paralelo. É uma forma de justificar o gasto de 500 reais mensais com o bicho de estimação, que sobe pelo elevador social, enquanto a criadagem ganha R$ 380, se ganha, e anda de elevador de serviço.
Se o Brasil é uma droga mesmo, qual é o sentido de pagar impostos? Qual é o sentido de manter um Congresso? Qual é o sentido de assumir a responsabilidade pelo país? Qual é o sentido de apresentar um projeto alternativo? "Ora", dizem eles, "será que vocês não sabem que somos vítimas de um mal estar? O FHC falou na BBC que sofremos de 'malaise'. Ainda estamos em estado de choque com o furto do relógio do Luciano Huck".
A elite precisa dos discursos de FHC e das capas da Veja para justificar o que ela NÃO faz para enfrentar os problemas do Brasil real. Ela é parte de um Brasil distinto, superior, estudado, em que os negros não enxergam racismo, em que ninguém recorre ao Bolsa Família (isenções fiscais e empréstimos do BNDES a juros privilegiados não contam), que endossa a barbárie da tropa de elite contra a barbárie dos morenos, que concede meia página de jornal para um mauricinho choramingar a perda de um relógio.
Esse Brasil imaginário é formulado todo dia por meia dúzia de "eleitos", por uma panelinha cuja maior referência é o umbigo (o próprio e o dos outros cinco). Esse bombardeio contínuo é trabalho de convencimento da classe média, o que nos leva ao paradoxo de ver jovens "remediados" defendendo com unhas e dentes o interesse da elite à qual ambicionam, mas jamais vão pertencer. A obra ficcional dos "eleitos" você encontra todos os dias nas bancas de jornal. Ou todas as noites, entre duas novelas.
Nesse caso, em particular, eles vivem tentando ganhar o Emmy, quando deveriam disputar o prêmio Jabuti de ficção. Jabuti? Eles odeiam Jabuti. Que tal o Pulitzer?
Publicado em 15 de outubro de 2007
Resposta de Cuba à decisão do governo Bush de apertar o cerco ao regime de Fidel Castro:
"Tenho uma mensagem para o senhor, está delirando, está falando com um exército libertador e com combatentes da segurança que impediram mais de 600 tentativas de assassinatos contra Fidel. O senhor se engana, não conhece este povo, que não é da categoria dos mercenários que o senhor paga aqui", expressou Pérez Roque. "A reação em Cuba é de indignação, mas de calma absoluta, firmeza e confiança em nossa força. A palavra de ordem aqui é coragem", enfatizou.
O ministro das Relações Exteriores comentou, além disso, as três novas "iniciativas" de Bush sobre Cuba, que constituem uma prova — disse — de que quase não falta nada para experimentar contra a Ilha.
Referiu-se à disposição manifesta por Bush de considerar a outorga de licenças a organizações não-governamentais e a grupos religiosos para fornecerem computadores aos jovens cubanos e acesso à internet.
"Tal anúncio ridículo levaria à gargalhada se não estivesse inserido neste recrudescimento da política contra Cuba. Num país que, apesar do bloqueio, tem mais de 500 mil computadores instalados, que no ano próximo instalará outras 150 mil e poderá montar 120 mil por ano. Onde funcionam 66 Clubes de Computação para Jovens que dão acesso gratuito à Internet a mais de dois milhões de cubanos por ano".
Também anunciou — continuou Felipe Pérez Roque — que convidará jovens cubanos, filhos de seus mercenários em Cuba, a um programa de bolsas que implementou para a América Latina por três anos. "Tudo isto para um país com 65 universidades, onde hoje estudam 730 mil jovens cubanos e, além disso, tem 30 mil bolsistas de 120 países que estudam gratuitamente".
"Por último, Bush propôs criar um Fundo Internacional para a Liberdade de Cuba, com o objetivo de que outros países dêem o dinheiro para derrubar a Revolução", assinalou o chanceler. O senhor presidente fez um apelo desesperado para que outros adiram ao bloqueio — ressaltou Pérez Roque —, prova de seu isolamento, de que não tem apoio no mundo. "É possível ser o mais poderoso, mas não o mais respeitado. A comunidade internacional não aprova sua política e hoje o repúdio ao bloqueio genocida é quase universal".
Fonte: Granma
Publicado em 25 de outubro de 2007
sábado, 27 de outubro de 2007
terça-feira, 23 de outubro de 2007
História de racismo na civilização ocidental
Eduardo Galeano
A democracia haitiana vem sendo duramente castigada. Recém-nascida nos dias de festa de 1991, foi assassinada por um golpe de Estado comandado pelo general Raoul Cedrás. Três anos mais tarde, ressuscitou. Após ter posto e deposto tantos ditadores militares, os Estados Unidos tiraram e recolocaram o presidente Jean-Bertrand Aristide, o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do país, que teve a insensata pretensão de querer um país menos injusto.
Para eliminar qualquer vestígio da participação estadunidense na ditadura sanguinária do general Cedrás, os marines retornaram ao seu país levando 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide voltou acorrentado. Deram-lhe permissão para governar, mas lhe negaram o poder. Seu sucessor, René Préval, obteve quase 90% dos votos nas últimas eleições presidenciais, mas qualquer chefe de quarta categoria do Fundo Monetário Internacional ou do Banco Mundial tem mais poder no país do que o próprio presidente.
O veto pode mais que o voto. Veto às reformas: toda vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede empréstimos internacionais para dar pão aos famintos, palavras aos analfabetos ou terra aos lavradores, fica sem resposta. Ou, na melhor das hipóteses, obtém uma resposta em forma de ordem: "Recita a lição". No momento em que o governo haitiano se nega a entender que precisa se desfazer dos poucos serviços públicos que ainda restam – últimos míseros refúgios para um dos povos mais abandonados do mundo –, os professores o reprovam no exame.
"INCAPAZ DE SE GOVERNAR" – No ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Sentiram um profundo mal-estar, ficaram muito chocados ao ver tanta miséria. O embaixador da Alemanha em Porto Príncipe explicou a eles qual é o problema: "Tem gente demais neste país", disse. "A mulher haitiana sempre está a fim, e o homem haitiano sempre pode." E riu. Os deputados ficaram calados. Naquela mesma noite, um deles, Winfried Wolf, deu uma verificada nos números. E constatou que o Haiti, juntamente com El Salvador, é o país mais populoso das Américas..., tão populoso quanto a Alemanha: têm quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.
Durante os dias em que esteve no Haiti, o deputado Wolf não se impressionou apenas com a miséria. Ficou também maravilhado com a beleza das pinturas populares. E chegou à conclusão de que o Haiti é superpovoado... de artistas.
Os Estados Unidos invadiram o país em 1915 e o governaram até 1934. Retiraram-se quando conseguiram realizar dois objetivos: resgatar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia a venda de plantações a estrangeiros. Na época, Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar a si mesma. Tem "uma tendência à vida selvagem e uma incapacidade física de civilizar-se".
"ESCRAVOS POR NATUREZA" – O Haiti tinha foi a pérola da Coroa francesa, a sua colônia mais rica: uma grande plantação de cana-de-açúcar, com mão-de-obra escrava. Na obra "O Espírito das leis", Montesquieu explicou, sem papas na língua: "O açúcar sairia muito caro, se na sua produção não trabalhassem os escravos. Escravos que são negros da cabeça aos pés e têm o nariz tão achatado que é quase impossível sentir pena deles. Resulta impensável que Deus, que é tão sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, em um corpo completamente negro".
Em troca, Deus havia colocado um chicote na mão do capataz. Os negros eram escravos e vadios por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir ao patrão, e o patrão devia castigar o escravo, que não demonstrava o mínimo entusiasmo em cumprir o desígnio divino.
Karl Von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, fez um retrato do negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes devassos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, comprovou que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, como o papagaio que pronuncia algumas palavras".
LIBERDADE E SOLIDÃO – Em 1803, os negros do Haiti deram uma grande surra nas tropas de Napoleão Bonaparte, e a Europa jamais perdoou essa humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos conquistaram a independência antes, mas meio milhão de escravos continuavam a trabalhar nas suas plantações de algodão e tabaco. Jefferson, que era proprietário de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas dizia também que os negros foram, são e serão inferiores.
A bandeira dos libertados foi hasteada sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura da cana-de-açúcar e pela guerra contra a França. Um terço da população tinha morrido em combate. Então teve início o bloqueio. A nação recém-nascida foi condenada à solidão.
Nem Simón Bolívar teve a coragem de assinar o reconhecimento diplomático. Graças ao apoio do Haiti, Bolívar pudera recomeçar a luta pela independência americana, depois que a Espanha já o tinha derrotado. O Haiti enviou sete navios, muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos – uma idéia que não tinha passado pela cabeça do Libertador. Bolívar assumiu o compromisso, porém, após a vitória, quando já governava a Grã Colômbia, virou as costas para quem o tinha salvo. E, quando convocou as nações americanas ao Panamá, não convidou o Haiti.
Os Estados Unidos reconheceram o Haiti só sessenta anos depois, enquanto Etienne Serres, um gênio francês em anatomia, descobria que os negros são primitivos por causa da pouca distância que separa o seu umbigo do pênis. Na época, o Haiti já padecia nas mãos de sanguinárias ditaduras militares, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa: a Europa tinha obrigado o Haiti a pagar uma gigantesca indenização à França, como forma de pedir perdão pelo delito da dignidade.
A história da prepotência contra o Haiti, que nos dias de hoje assume dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, é autor de várias obras sobre a América Latina. As veias abertas da América Latina é a mais conhecida e divulgada.
_____http://ospiti.peacelink.it/zumbi/news/semfro/sf246p29.html
sábado, 20 de outubro de 2007
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
Entevista com sub comandante marcos - EZLN
"Todos somos Marcos!!!!"
Exército Zapatista de Libertação Nacional
terça-feira, 9 de outubro de 2007
FERRÉZ, rapper e escritor, publicado na "Folha" de 8 de outubro.
ELE ME olha, cumprimenta rápido e vai pra padaria. Acordou cedo, tratou de acordar o amigo que vai ser seu garupa e foi tomar café. A mãe já está na padaria também, pedindo dinheiro pra alguém pra tomar mais uma dose de cachaça. Ele finge não vê-la, toma seu café de um gole só e sai pra missão, que é como todos chamam fazer um assalto.
Se voltar com algo, seu filho, seus irmãos, sua mãe, sua tia, seu padrasto, todos vão gastar o dinheiro com ele, sem exigir de onde veio, sem nota fiscal, sem gerar impostos.
Quando o filho chora de fome, moral não vai ajudar. A selva de pedra criou suas leis, vidro escuro pra não ver dentro do carro, cada qual com sua vida, cada qual com seus problemas, sem tempo pra sentimentalismo. O menino no farol não consegue pedir dinheiro, o vidro escuro não deixa mostrar nada.
O motoboy tenta se afastar, desconfia, pois ele está com outro na garupa, lembra das 36 prestações que faltam pra quitar a moto, mas tem que arriscar e acelera, só tem 20 minutos pra entregar uma correspondência do outro lado da cidade, se atrasar a entrega, perde o serviço, se morrer no caminho, amanhã tem outro na vaga.
Quando passa pelos dois na moto, percebe que é da sua quebrada, dá um toque no acelerador e sai da reta, sabe que os caras estão pra fazer uma fita.
Enquanto isso, muitos em seus carros ouvem suas músicas, falam em seus celulares e pensam que estão vivos e num país legal.
Ele anda devagar entre os carros, o garupa está atento, se a missão falhar, não terá homenagem póstuma, deixará uma família destroçada, porque a sua já é, e não terá uma multidão triste por sua morte. Será apenas mais um coitado com capacete velho e um 38 enferrujado jogado no chão, atrapalhando o trânsito.
Teve infância, isso teve, tudo bem que sem nada demais, mas sua mãe o levava ao circo todos os anos, só parou depois que seu novo marido a proibiu de sair de casa. Ela começou a beber a mesma bebida que os programas de TV mostram nos seus comerciais, só que, neles, ninguém sofre por beber.
Teve educação, a mesma que todos da sua comunidade tiveram, quase nada que sirva pro século 21. A professora passava um monte de coisa na lousa -mas, pra que estudar se, pela nova lei do governo, todo mundo é aprovado?
Ainda menino, quando assistia às propagandas, entendia que ou você tem ou você não é nada, sabia que era melhor viver pouco como alguém do que morrer velho como ninguém.
Leu em algum lugar que São Paulo está ficando indefensável, mas não sabia o que queriam dizer, defesa de quem? Parece assunto de guerra. Não acreditava em heróis, isso não!
Nunca gostou do super-homem nem de nenhum desses caras americanos, preferia respeitar os malandros mais velhos que moravam no seu bairro, o exemplo é aquele ali e pronto.
Tomava tapa na cara do seu padrasto, tomava tapa na cara dos policiais, mas nunca deu tapa na cara de nenhuma das suas vítimas. Ou matava logo ou saía fora.
Era da seguinte opinião: nunca iria num programa de auditório se humilhar perante milhões de brasileiros, se equilibrando numa tábua pra ganhar o suficiente pra cobrir as dívidas, isso nunca faria, um homem de verdade não pode ser medido por isso.
Ele ganhou logo cedo um kit pobreza, mas sempre pensou que, apesar de morar perto do lixo, não fazia parte dele, não era lixo.
A hora estava se aproximando, tinha um braço ali vacilando. Se perguntava como alguém pode usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada. Tantas pessoas que conheceu que trabalharam a vida inteira sendo babá de meninos mimados, fazendo a comida deles, cuidando da segurança e limpeza deles e, no final, ficaram velhas, morreram e nunca puderam fazer o mesmo por seus filhos!
Estava decidido, iria vender o relógio e ficaria de boa talvez por alguns meses. O cara pra quem venderia poderia usar o relógio e se sentir como o apresentador feliz que sempre está cercado de mulheres seminuas em seu programa.
Se o assalto não desse certo, talvez cadeira de rodas, prisão ou caixão, não teria como recorrer ao seguro nem teria segunda chance. O correria decidiu agir. Passou, parou, intimou, levou.
No final das contas, todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio.
Não vejo motivo pra reclamação, afinal, num mundo indefensável, até que o rolo foi justo pra ambas as partes.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
A LUCHA DE CHAVEZ E LULA
interessante é o esclarecimento de Ivan Valente sobre a integração energética da América Latina.
Esses congressistas deviam ouvir os interesses latino americanos ao invés de ficar pagando pau pro BIRD e o FMI.
Viva Bolívar e a Integração Latino Americana!!!!
domingo, 7 de outubro de 2007
Artigo da Caros Amigos sobre a educação pública escrito por um professor. Vale a pena conferir!!
NO MEIO DO CAMINHO?
por Rodrigo Ciríaco
Você matricularia o seu filho numa escola pública do Estado de São Paulo? É uma pergunta que gostaria de fazer diretamente ao governador José Serra, à atual secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, e a todos os políticos de nosso Estado. Você, caro leitor, tendo outra opção, matricularia?
A realidade de nossas escolas públicas vem piorando, apesar de todos os planos miraculosos que aparecem de tempos em tempos. Em 2006, a rede pública de ensino no Brasil teve 311.000 alunos a menos do que no ano anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto isso, as escolas particulares ganharam, no mesmo período, 270.000 alunos. Dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) divulgados em abril mostram que a maioria das cidades brasileiras tiveram “nota” inferior a 5 na avaliação nacional, quando o satisfatório seria 6. O Estado de São Paulo não foi exceção, e ficou com uma média de 4,5.
Para reverter parte desse quadro foram anunciadas no dia 20 de agosto de 2007 as “Dez Metas para a Educação do Estado de São Paulo”. As metas – disponíveis no sítio www.educacao.sp.gov.br – deveriam ter sido amplamente divulgadas pela chamada “grande mídia”, afinal trata-se de uma “grande” transformação no panorama da educação pública do Estado. Não foram. Deveriam ser comemoradas por toda a população paulista, principalmente a comunidade escolar. Não foram.
Alguns pontos do plano: “todos os alunos de oito anos plenamente alfabetizados, redução de 50% das taxas de reprovação da 8ª série e do Ensino Médio, laboratórios e computadores em 100% das escolas, aumento de 10% nos índices de desempenho do Ensino Fundamental e Médio nas avaliações nacionais e estaduais”. Perfeito. Entretanto, não fica claro como o Estado pretende fazer isso. Por exemplo, será que um professor auxiliar nas primeiras séries iniciais – uma das novas propostas – é a solução para o problema de alunos não alfabetizados completarem o ensino fundamental, o ensino médio? Qual a base desse projeto? Responsabilidades foram assumidas para compensar aqueles que tiveram seus direitos violados?
Outro ponto “inovador” da proposta: “100% das escolas com laboratórios e salas de informática”. Ótimo. Mas muitas escolas públicas do Estado já tiveram laboratórios e salas de informática. Os equipamentos foram deteriorados ou roubados. Culpa da comunidade escolar? Em parte, mas principalmente do governo. Porque, quando há invasões, arrombamentos, depredações, furtos ou roubos dentro da escola, raramente esses problemas são investigados. Além disso, esse desprezo pela “coisa pública” acontece, entre outros aspectos, porque as pessoas estão à margem do Estado. O Estado é confundido com governo e o governo só aparece, em muitos casos, na forma da política de repressão, através de uma polícia violenta e despreparada.
Uma das principais dificuldades que encontro para o melhor desenvolvimento de um projeto pedagógico – além da falta de infra-estrutura, suporte técnico, material, baixos salários – é a superlotação das salas. Entretanto, isso não foi considerado nas “Dez Metas”. O Estado não considera um problema ter 35, 40, 42 alunos em sala. Realmente, não é ilegal. Mas inadequado. Antipedagógico. Não é possível manter a qualidade na educação independente da quantidade de alunos em sala. Não considerando as dificuldades e capacidades de aprendizado de cada educando. Fica difícil manter – ou melhorar – qualquer índice de qualidade de ensino se tenho em minhas salas de 5ª, 6ª e 7ª série alunos que não sabem ler – e se na minha formação não fui preparado para, também, alfabetizar. Se há outros com extrema dificuldade na leitura e associação das palavras, e por isso necessitam de atenção especial. Fica muito difícil ter que trabalhar – e provocar – as necessidades ou habilidades de cada aluno, em salas superlotadas, em apenas três horas/aula semanais. Frustrante e difícil.
Outra falha do projeto é pensar a escola isoladamente, como se sozinha fosse a solução para todos os males da nossa educação capenga. Somente a escola não é. Não será. Além de investir com planejamento e competência na escola, é necessário ter os projetos voltados para a comunidade, como um todo. É imprescindível pensar no desenvolvimento de equipamentos de cultura e lazer – teatros, bibliotecas, clubes – nas regiões periféricas, no desenvolvimento de instituições de educação não formal. Melhorar as condições de moradia, saúde, muitas vezes precárias. Ou será que isso não influencia na formação do aluno como cidadão, ser humano?
Quem dera que o cotidiano opressor de muitas de nossas escolas fosse apenas uma peça e “As Dez Metas para a Educação do Estado de São Paulo” um enredo bem escrito, não para uma farsa – nem para uma eleição, afinal, a sua limitada visão estende-o apenas até 2010. Mas a única coisa comprovável é que desde 1994, quando Mário Covas foi eleito, o PSDB é governo no Estado de São Paulo. Já passou Geraldo Alckmin, já se passaram quase treze anos. O partido, que se auto-afirma muitas vezes como “modelo” em gestão e administração pública, não conseguiu construir uma educação pública eficiente no principal Estado econômico do país. Há doze anos como governo, o PSDB poderia ter transformado a educação em São Paulo. Não o fez. Um dos motivos aparece através das “Dez Metas”. Esse é mais um partido em que o governo se faz pensando nos governantes. E só. Não para o povo, não em conjunto com o povo, como a democracia realmente precisa. E merece.
Rodrigo Ciríaco professor da rede pública estadual de ensino.
sábado, 6 de outubro de 2007
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
LEIAM ESTE TEXTO, SUPER ESCLARECEDOR, PUBLICADO NO BLOG CIDADANIA .COM
Como fiz na Venezuela, estou perguntando aos equatorianos o que pensam do governo federal. As respostas são iguais em todos os países em que a esquerda está governando. Quem não gosta do governo, nesses países, diz que ele seria “populista”. Meu cliente, portanto, quando perguntei o que o governo mudou, para melhor ou pior, em sua vida, também sacou o “populista” da algibeira.
-- Mas o que foi que mudou, para melhor ou para pior em sua vida, depois que Correa chegou ao poder?
-- Em minha vida mesmo, nada. Mas ele briga com o Bush e os americanos compram uns 60% de tudo o que o Equador exporta. Não podemos brigar com ele.
-- Mas depois que Correa xingou Bush, caíram as importações americanas?
-- Não, mas...
-- E você acha que Bush faz um bom governo?
-- De jeito nenhum. É um filho da puta. O que ele fez no Iraque...
-- Será que Correa não tem alguma razão, então ?
-- Ah, sim, isso tem...
-- Mas você diz que ele é “populista”. Por que?
-- Ah, ele dobrou o valor do “bono” que o governo paga aos pobres; antes, o governo pagava 13 dólares, e agora, paga 30.
-- Só isso que Correa fez?
-- Bem, ele também aumentou muito, de fato, os gastos com saúde e educação. Ah, e baixou o preço da energia elétrica... Humm, e também do transporte público. Sabe como é, ele é populista.
-- Sei... Mas os outros, que não eram populistas, como aquele Gutierrez, que teve que fugir para o Brasil, eram melhores?
-- Não, claro que não. Eu não disse isso.
-- Mas se Correa é populista, quem foi bom governante?
-- Não... Bem... Ele até que está fazendo coisas boas para os mais pobres, mas é porque é populista.
-- Está prejudicando seus negócios, sua vida? Alguma coisa piorou para você?
-- Ainda não, mas vai piorar...
-- Como você sabe?
-- Ah, hoje tem um editorial no “El Comercio” que explica muito bem isso...
-- O que diz o editorial?
-- Ah, bem... Mostra como Correa é...
-- Populista?
-- É, é isso.
-- Pelo que entendi, Max, populista é o governante que dá aos pobres o que os não-populistas nunca deram. É isso?
-- É, bem, Correa tem uma chance boa, histórica, é verdade. Agora, com a constituinte, se ele souber aproveitar essa chance...
-- Mas você e o “El Comercio” não querem lhe dar chance nenhuma porque ele é... Como é mesmo que você diz?
-- populista...
Jack Johnson - Upside Down (tradução)
De ponta cabeça
Quem vai dizer
O que é impossível
Bem eles se esqueceram
Que este mundo continua girando
E a cada novo dia
Eu posso sentir uma mudança em tudo
E quando a superfície se quebra os reflexos se vão
Mas de algum modo eles permanecem os mesmos
E como minha mente começa a abrir suas asas
Não há como parar a curiosidade
Eu quero virar a coisa inteira de cabeça para baixo
Eu encontrarei as coisas que eles dizem que apenas não
podem ser encontradas
Eu compartilharei este amor que eu acho com todo o
mundo
Nós cantaremos e dançaremos canções para Mãe natureza
Eu não quero que este sentimento se vá
Quem disse
Que eu não posso fazer tudo
Bem eu posso tentar
E enquanto eu vou seguindo, eu começo a descobrir
Que as coisas nem sempre são o que parecem
Eu quero virar a coisa inteira de cabeça para baixo
Eu encontrarei as coisas que eles dizem que apenas não
podem ser encontradas
Eu compartilharei este amor que eu acho com todo o
mundo
Nós cantaremos e dançaremos canções de Mãe natureza
Este mundo continua girando e não há tempo para ser
desperdiçado
Bem, tudo continua girando girando e
De cabeça para baixo
Quem vai dizer que é impossível e não pode ser
achado?
Eu não quero que este sentimento vá embora
Por favor não vá embora
Por favor não vá embora
Por favor não vá embora
É assim que deve ser?
Jack Johnson - Traffic In The Sky (tradução)
Há tráfego no céu
E não parece melhorar
Há crianças jogando no pavimento
Desenhando ondas no pavimento
Sombras de aviões no pavimento
É o suficiente prá me fazer chorar
Mas isso não parece que me fará sentir melhor
Talvez seja um sonho e se eu gritar
Irá estourar nas costuras
Todo esse lugar irá cair em pedaços
E então eles talvez digam
Bem, como poderíamos saber?
Eu contarei então que não é tão difícil de contar
Se continuar adicionado pedras
Em breve a água estará perdida no poço
Peças de quebra cabeça no chão
Mas ninguém parece estar escavando, ao contrário eles
estão olhando acima
Para os céus
Com seus olhos nos céus
Há sombras no caminho dos céus
É o suficiente para me fazer chorar
Mas isso não parece que me fará sentir melhor
As respostas podem ser encontradas
Nós podemos aprender apartir de escavar
Mas ninguém nunca parece estar escavando
Ao contrário, eles irão dizer (coro)
Palavras de sabedoria por todos os lados
Mas ninguém nunca parece estar ouvindo
Eles estão falando sobre seus planos no papel
Construindo do pavimento
Há sombras das raspas no pavimento
É o suficiente para me fazer suspirar
Mas isso não parece que me fará sentir melhor
As palavras estão por aí
Mas as palavras são apenas sons
E ninguém parece nunca escutar
Ao contrário, eles irão dizer (coro)
Tradução Carlos Eduardo Gomes
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Ntiruts - Tenha os olhos sempre abertos.
Não demora!
Prá buscar o que sonhou
Não tem hora!...
Muitos vão menosprezar
Sua vida!
Muitas setas vão mudar
A saída!...
Um verdadeiro amor
Pode ajudar
Mas a vida nem sempre
É assim....
O carro que leva flores
Na prosperidade
As costas vem atropelar
Na hora da verdade...
Tenha os olhos sempre abertos
O mundo vai te engolir
Seja simples, mas esperto
E o que é seu vai conseguir...
Se o dia te chamou
Não demora!
Prá buscar o que sonhou
Não tem hora!
Faça a mente adormecida
Agora se erguer
E dissemine idéias nobres
Em versos plebeus...
Um golpe que passou
Prá derrubar
Nunca pode te levar
Ao fim...
Quem tem brilho ainda precisa
De fé e vontade
E batalhar que o tempo sempre
Trás toda verdade...
Tenha os olhos sempre abertos
E o que é seu vai conseguir...
Tenha os olhos sempre abertos
O mundo vai te engolir
Seja simples, mas esperto
E o que é seu vai conseguir...
Fala do cacique Guaicaipuro Cautémoc numa reunião com chefes de estado da Comunidade Européia.
O irmão advogado europeu me explica que aqui toda dívida deve ser paga, ainda que para isso se tenha que vender seres humanos ou países inteiros.
Pois bem! Eu também tenho dívidas a cobrar. Consta no arquivo das Índias Ocidentais que entre os anos de 1503 e 1660, chegaram à Europa 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata vindos da minha terra!... Teria sido um saque? Não acredito. Seria pensar que os irmãos cristãos faltaram a seu sétimo mandamento.
Genocídio?... Não. Eu jamais pensaria que os europeus, como caim, matam e negam o sangue de seu irmão.
Espoliação?... Seria o mesmo que dizer que o capitalismo deslanchou graças à inundação da Europa pelos metais preciosos arrancados de minha terra!
Vamos considerar que esse ouro e essa prata foram o primeiro de muitos empréstimos amigáveis que fizemos à Europa. Achar que não foi isso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que me daria o direito de exigir a devolução dos metais e a cobrar indenização por danos e perdas.
Prefiro crer que nós, índios, fizemos um empréstimo a vocês, europeus.
Ao comemorar o quinto centenário desse empréstimo, nos perguntamos se vocês usaram racional e responsavelmente os fundos que lhes adiantamos.
Lamentamos dizer que não.
Vocês dilapidaram esse dinheiro em armadas invencíveis, terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo. E acabaram ocupados pelas tropas da OTAN.
Vocês foram incapazes de acabar com o capital e deixar de depender das matérias primas e da energia barata que arrancam do terceiro mundo.
Esse quadro deplorável corrobora a afirmação de Milton Friedmann, segundo o qual uma economia não pode depender de subsídios.
Por isso, meus senhores da Europa, eu, Guaicaipuro Cautémoc, me sinto obrigado a cobrar o empréstimo que tão generosamente lhes concedemos há 500 anos. E os juros.
É para seu próprio bem.
Não, não vamos cobrar de vocês as taxas de 20 a 30 por cento de juros que vocês impõem ao terceiro mundo.
Queremos apenas a devolução dos metais preciosos, mais 10 por cento sobre 500 anos.
Lamento dizer, mas a dívida européia para conosco, índios, pesa mais que o planeta terra!... E vejam que calculamos isso em ouro e prata. Não consideramos o sangue derramado de nossos ancestrais!
Sei que vocês não têm esse dinheiro, porque não souberam gerar riquezas com nosso generoso empréstimo.
Nas há sempre uma saída: entreguem-nos a Europa inteira, como primeira prestação de sua dívida histórica.
Mude - Edson Marques
importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente
na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos
passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais...
Leia outros livros, viva outros romances.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
Escolha comidas diferentes,
Novos temperos, novas cores,
Novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor,
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
Outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue fora os velhos relógios, despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabelereiros,
outros teatros, visite novos museus.
mude.
Lembre-se de que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um
Outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno,
mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento,
o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena!!!
Lou Andreas-Salomé
Não tenha necessidade de nada!
Não tente adequar sua vida a modelos,
nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.
Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.
Se você quer uma vida, aprenda ... a roubá-la!
Ouse, ouse tudo!
Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.
Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:
algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!
Se os Tubarões Fossem Homens - Bertold Brecht
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.
Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.
Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.
Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.
Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.
Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.
Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.
As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos
Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.
Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.
A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .
Também haveria uma religião ali.
Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.
Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.
Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.
Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Darcy Ribeiro
Cresceu mal, porém. Cresceu como um boi mantido, desde bezerro, dentro de uma jaula de ferro.
Nossa jaula são as estruturas sociais medíocres, inscritas nas leis, para compor um país da pobreza na província mais bela da terra.
Sendo assim, no Brasil do futuro, a maioria da gente nascerá e viverá nas ruas, em fome canina e ignorância figadal, enquanto a minoria rica, com medo dos pobres, se recolherá em confortáveis campos de concentração, cercados de arame farpado e eletrificado.
Entretanto, é tão fácil nos livrarmos dessas teias, e tão necessário, que dói em nós... a nossa conivência culposa.
Anônimo
Comemoraremos a vitória tão esperada.
Dos que jogaram ou que só torceram na arquibancada.
E bêbados, nós mesmos,
A mesa posta com os destroços do combate,
Difícil dizer o que é sangue e o que é molho de tomate,
Brindaremos as cadeiras vazias dos que lá não estão,
Os fantasmas de uma geração.
Um que morreu no exílio e foi devorado por vermes estrangeiros.
Um que enloqueceu um pouco e tem delírios passageiros.
Um que ia mudar o mundo e se mudou.
Um que era o melhor de nós e vacilou.
Nossa Rosa Luxemburgo que abriu uma butique.
Nosso quase Che Guevara que hoje vive de trambiques.
Estaremos , você e eu irmão,
E os balões circundarão nossas cabeças como velhos remorsos.
E os garçons olharão para nós e desejarão a nossa morte.
Danem-se as trapalhadas, estivemos nas barricadas!
Não temos placas nas ruas como os Heróis da Resistência,
Mas temos a consciência de que os bárbaros não passaram.
E então você dirá:
Como heróis?
Como não passaram?
Meu querido não te falaram?
Os bárbaros ganharam!!!!!
Mais Maiakovski
e a noite lenta
quer ir pra cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar pra sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
gente é pra brilhar,
que tudo mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol".
Maiakovski
POLÊMICA! POLÊMICA!! POLÊMICA!!!
A gente só ouve elas (as pessoas) dizerem: "Não, você não deve usar, porque lhe transforma em um rebelde."...Contra o quê? QUAL A SUA OPNIÃO? SEGUNDO VOCÊ ELES TEM MEDO DE QUÊ?
War - Bob Marley(tradução)
Guerra
que a filosofia que torna uma raça superior
E outra inferior, seja finalmente permanentemente
Desacrediada e abandonada havera guerra,
Eu digo guerra.
Até que não existam mais cidadãos
De 1º e 2º classe em qualquer nação.
Até que a cor da pele de um homem
Não tenha maior significado que a cor
Dos seus olhos havera guerra.
Até que todos os direitos básicos
Sejam igualmente garantido para todos,
Sem privilégios de raça, terá guerra.
Até esse dia o sonho da paz final,
Da almejada cidadania e o papel
Da moralidade internacional,
Não sera mais que mera ilusão a ser percebida e nunca
atingida,
Por enquanto havera guerra, guerra.
Até que os ignóbeis e infelizes regimes
Que prendem nossos irmãos em Angola,
Em Mozambique, África do Sul escravizada,
Não mais existam e sejam destruídos,
Haverá guerra, eu disse guerra.
Guerra no leste, guerra no oeste, guerra no norte,
Guerra no sul, guerra, guerra, rumores de guerra.
E até esse dia, o continente africano não conhecerá a
paz.
Nós africanos lutaremos, nós acharemos isto necessário
E conheceremos a vitória.
O bem sobre o mal, bem sobre o mal...
War - Bob Marley
Rush Hour
Until the philosophy which hold one race
Superior and another inferior
is finally and permanently discredited and abandoned
Everywhere is war, me say war.
That until there are no longer first class
and second class citizens af any nation
Until the color of a man's skin
is of no more significance than the color of his eyes
Me say war.
That until the basic human rights are equally
guaranteed to all, without regard to race
Dis a war.
That until that day
the dream of lasting peace, world citizenship
rule of international morality
will remain in but a fleeting illusion
to be pursued, but never attained
Now everywhere is war, war.
And until the ignoble and unhappy regimes
that hold our brothers in Angola, in Mozambique,
South Africa sub-human bondage
have been toppled, utterly destroyed
Well, everywhere is war, me say war.
War in the east, war in the west
war up north, war down south
war, war, rumours of war.
And until that day, the African continent
will not know peace, we Africans will fight
we find it necessary and we know we shall win
as we are confident in the victory.
Of good over evil, good over evil, good over evil
Good over evil, good over evil, good ever evil
Tente responder estas questões(assista o vídeo abaixo: Guerra - Bob Marley)
2.Who Looses? Quem perde?
3. Who cares? Quem se importa?
4. Who sacrifacer for who? Quem se sacrifica por quem?
5. Who fooled? Quem é tolo?
6. Who is the hero? Quem é o herói?
7. Who is a martyr? Quem é o martir?
8. Who war? Por que guerra?
9. We can all work it out, but who doesn't try? Nós
todos podemos dar certo, mas quem não tenta?
"Não desista da Luta"
Mas vocês não podem enganar todo mundo todo o tempo...
...Nós vamos ficar de pé pelos nossos direitos!!"
U2 - Miss Sarajevo
Is there a time for keeping your distance
A time to turn your eyes away.
Is there a time for keeping your head down
For getting on with your day.
Is there a time for kohl and lipstick
Is there time for cutting hair
Is there a time for high street shopping
To find the right dress to wear.
Here she comes, heads turn around
Here she comes, to take her crown.
Is there a time to run for cover
A time for kiss and tell.
Is there a time for different colours
Different names you find hard to spell.
Is there a time for first communion
A time for East 17
Is there time to turn to Mecca
Is there time to be a beauty queen.
Here she comes, beauty plays the clown
Here she comes, surreal in her crown.
Dici che il fiume trova la via al mare
Che come il fiume giungerai a me
Oltre i confini e le terre assetate
Dici che come fiume, Come fiume
L'amore giungerà, l'amore
E non so più pregare
E nell'amore non so più sperare
E quell'amore non so più aspettare.
Is there a time for tying ribbons
A time for Christmas trees.
Is there a time for laying tables
When the night is set to freeze.
U2 - Miss Sarajevo (tradução)
Uma época para inverter seu olhar
Existe uma época para baixar a cabeça
Para ir em frente com seu dia
Existe uma época para usar batom e maquiagem
Uma época para cortar o cabelo
Existe uma época para compras na avenida
Para encontrar o vestido certo para se usar
Lá vem ela
Os olhares se invertem
Lá vem ela
Para receber a coroa
Existe uma época para correr para os abrigos
Uma época para beijos e confissões
Existe uma época para cores diferentes
Nomes diferentes, você sente dificuldade em
soletrá-los
Existe uma época para primeira comunhão
Uma época para o EAST 17
Existe uma época para admirar Meca
Existe uma época para ser uma bela rainha
Lá vem ela
A mais bela recebendo a coroa
Lá vem ela
Surreal em sua coroa
(Pavarotti)
Você diz que o rio
Encontra seu caminho para o mar
E assim como o rio
Você virá para mim
Além das fronteiras
E dos desertos
Você diz que, como o rio
Semelhante ao rio
O amor virá
Amor
E eu não consigo mais rezar de forma alguma
E eu não consigo mais acreditar no amor de forma
alguma
E eu não consigo mais esperar pelo amor de forma
alguma
(Bono)
Existe uma época para usar fitas de amarrar cabelo
Uma época para árvores de Natal
Existe uma época para arrumar a mesa
Quando a noite está bastante fria
"As Coisas Acontecem!!!"
A partir daqui vocês poderão ler as letras originais e traduzidas da trilha sonora do filme Magnólia.
Esse filme é, na minha opnião, o melhor filme feito nas últimas décadas. Ele consegue articular nove personagens principais de maneira primorosa.
Pelo conteúdo das letras vocês perceberão que é um drama.
Você já reparou em pessoas bem sucedidas, aparentemente felizes e sem problemas? No filme você começa com essa imagem. Daí começam as provocações...
Todos tem problemas profundamente arraigados em sua essência. E essa essência, que serviu de combustível para alguns alcançarem o sucesso, agora pesa...
O combustivel já não serve mais, por que já se chegou ao ápice. Não tem mais como correr do passado e então ele chega , como que para um chá, e começa a instigar...
Procurar respostas, enfrentar as mágoas e angústias mais profundas não vai ser fácil!
Deixo vocês com uma idéia do filme:
"O presente passa, mas o passado nunca para de passar por nós."
Assistam Magnólia e deixem seus lúcidos comentários.
Saudações Insanas!!
Aimee Mann - Wise Up
It's not.. what you thought...
When you first... began it.
You got... what you want...
Now you can hardly stand it, though,
By now you know, it's not going to stop...
It's not going to stop...
It's not going to stop,
Till you wise up.
You're sure... there's a cure...
And you have finally found it.
You think... one drink...
Will shrink you to... your underground
And living down, but it's not going to stop...
It's not going to stop...
It's not going to stop,
Till you wise up.
Prepare a list for what you need,
Before you sign away the deed,
'Cause it's not going to stop...
It's not going to stop...
It's not going to stop,
Till you wise up.
No, it's not going to stop,
Till you wise up.
No, it's not going to stop,
So just give up.
Aimee Mann - Wise Up (tradução)
Quando você primeiro... começou isso...
Você conseguiu... o que queria...
Agora você mal consegue suportar isso...
Agora você sabe, isso não vai parar...
Não vai parar...
Não vai parar...
Até você aceita...
Você tem certeza... não tem cura...
E você finalmente a encontrou...
Você acha... uma bebida...
Vai encolher você... até o subterrâneo...
E viver mal... mas não vai parar...
Não vai parar..
Não vai parar....
Até você aceitar.
Prepare uma lista do que você precisa..
Antes de você assinar o que você pode "doar",
Porque não vai parar
Não vai parar
Não vai parar
Até você aceitar...
Não, não vai parar..
Até você aceitar.
Não, não vai parar...
Então, DESISTA.
Aimee Mann - Save Me
For a girl in need... of a tourniquet.
But can you save me?
Come on and save me...
If you could save me,
From the ranks of the freaks,
Who suspect they could never love anyone.
'Cause I can tell... you know what it's like.
A long farewell... of the hunger strike.
But can you save me?
Come on and save me...
If you could save me,
From the ranks of the freaks,
Who suspect they could never love anyone.
You struck me dumb, Like radium
Like Peter Pan, or Superman,
You will come... to save me.
Come on and save me...
If you could save me,
From the ranks of the freaks,
Who suspect they could never love anyone,
Except the freaks,
Who suspect they could never love anyone,
But the freaks,
Who suspect they could never love anyone.
Come on and save me...
Why don't you save me?
If you could save me,
From the ranks of the freaks,
Who suspect they could never love anyone,
Except the freaks,
Who suspect they could never love anyone,
Except the freaks,
Who could never love anyone.